segunda-feira, 1 de junho de 2015

2009, o ano que vivemos

Por Pedro Wolff Hoje Brasília vive duas crises interligadas que lhe dão ares de uma cidade fantasma. Um é pela crise no caixa que quebrou todo mundo o segundo é aquele embate de gerações que quer suprir a cultura Vamos por partes... Da Brasília esquizofrênica talvez o primeiro caso de monta ocorreu com o, hoje, único bloco de carnaval do mundo com um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), o Galinho de Brasília. Para refrescar a memória, em 16 de fevereiro de 2009, o MPDFT instituiu o seu AI-5 carnavalesco que instituiu que “a passagem do bloco pela comercial das quadras 203/204 sul durará até uma hora, não havendo paradas no trajeto, sob pena de multa (SIC)”. O próprio T-Bone já foi ameaçado por esta Brasília após um show em 2011. Três anos depois foi o Calçadão da Asa Norte sofrer um pedido para cercar e limitar o trânsito de pessoas. Agora qual o critério de seleção para a máquina pública sair lacrando estabelecimentos privados baseados em decibéis enquanto outros permanecem abertos. Ou pior ainda qual a argumentação de nossos administradores para sair demolindo parquinhos, pracinhas e skates parks para combater “o inimigo invisível”. Uma pausa para reflexão: “Quando o criador desenhou Brasília em nenhum momento ele disse que suas ruas deveriam ser mortas ou sem vida”. Em outras palavras, é saudável fazer uso inteligente do espaço público e dessa forma tornar a cidade um Polo criador de manifestações culturais, políticas e econômicas. Do contrário, vivemos hoje numa cidade com toque de recolher e sem um sistema de transporte coletivo 24 horas. Agora entra a segunda parte deste artigo que fala sobre a crise no caixa do DF que reflete inclusive nos grandes eventos gratuitos que esta cidade já viveu. Arrisco que esta crise teve data de nascimento: 27/11/2009, ocasião de deflagração da Operação Caixa de Pandora. Coincidentemente mesmo ano do infeliz revés sofrido pelo Galinho de Brasília. Depois desse ano a economia do DF vive aos trancos e barrancos. Mas até antes da abertura da Caixa de Pandora, nunca antes na história deste país, sua capital vivia momentos tão faraônicos. O povo vivia de circo e grandes obras eram tocadas. Antevisto por uma profecia datada de 1870, Bsb sempre foi o local onde a utopia e a vanguarda caminhavam de mãos dadas. Seu urbanismo e monumentos foi um terreno fértil germinação das mais diversificadas manifestações artísticas e culturais para o povo brasileiro. Estamos falando de uma Brasília que exportou e desenvolveu vários talentos. Mas há menos de uma década cá passaram um raio gourmetizador na diversão para atender a um público que tenha pelo menos uma média de cem reais de dinheiro dispostos a saltar de suas carteiras. Nada de uso do espaço público. Agora, a solução sempre começa pelo diálogo, respeito e como em quase em tudo na vida o bom senso prevalece. Primeira coisa, vamos acabar com essa crise. Todo mundo está falindo e há unidades da federação muito menos caixa que nós, que mesmo sem o dindin e continuam funcionando mesmo charfundando corrupção, o Brasil sempre operou dessa maneira. Vamos dar um jeitinho e deixar a economia fluir por aqui tá... Tira um pouquinho dali e sobe um pouquinho de acolá e plim... As coisas voltam a andar. Agora quanto a questão de querer implodir nossas calçadas para deixar uma cidade morta, a solução é apelar ao bom senso ou aprisionar todo mundo em Unidades de Terapias Intensivas. Mesmo diante deste cenário apocalíptico, floresce na cidade vários segmentos do entretenimento e economia criativa, e alguns fortemente inclinados com o ideal da ocupação do espaço público para dar vida a esta cidade monumental. Concluindo, lembram-se daquela história da carochinha da Pandora e a esperança.